sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Cuidado! Pastores picaretas querem comprar seu voto!

Em Época de eleição algumas igrejas se transformam em palanque político onde pastores, líderes e afins comercializam de forma descarada o voto do rebanho.

Por favor leia a história abaixo que originalmente foi publicada pela Ultimato:

"O candidato a deputado chega junto ao pastor de uma igreja com 550 membros, também líder regional de uma denominação de grande expressão. Ao termino do culto o pastor aproxima-se dele. Convida-o ao seu gabinete. O ilustre candidato, sem mais delongas vai direto ao assunto:

- pastor eu sei que o senhor está querendo fazer algumas reformas em sua igreja e, sabendo de sua seriedade, estou aqui para lhe ajudar no que for preciso. Pode ser que o senhor alegue que o fato de estarmos muito próximo das eleições pode pegar mal, mas, adianto para o amigo, não tem nada a ver uma coisa com a outra, eu quero que o senhor lembre do meu nome para deputado, como o candidato de Deus para a sua igreja. Eu não compro votos. O pastor constrangido responde: - Claro doutor! O amigo é sério eu sei. Só que tem um probleminha, eu já me comprometi com outro candidato, ele esteve aqui antes de você e, para ajudar na compra das janelas da igreja me deu, ou melhor, doou para a igreja sete mil reais. Infelizmente, não posso acompanhá-lo esse ano.

Mas, o perseverante candidato insiste: - Meu pastor, eu não posso perder tão honroso apoio. Olhe, eu vou lhe ofertar para as janelas da igreja 20 mil reais, devolva o sete mil reais e fique com o resto.

- O pastor eufórico e surpreso respondeu: - Eu sabia que não era de Deus o meu apoio àquele candidato, graças a Deus que me enviou o amigo, isso é resposta de oração. Com certeza eu lhe apoiarei e indicarei para toda igreja votar com você. Doutor o senhor é o candidato de Deus com certeza. Deus escreve certo por linhas tortas..."

Pois é, em época de eleições o que aparece de gente querendo comprar os votos do povo de Deus não está no gibi. Infelizmente o número de picaretas ultrapassa em muito as estatísticas e para piorar o quadro, o número de pastores que negociam os votos do rebanho em troca de "bençãos" tem aumentado em muito.

Um casal membro de minha igreja compartilhou que um desses políticos safados perguntou quantos sacos de cimento eles gostariam de adquirir em troca de uma placa em seu quintal! Sinceramente eu tenho nojo dessa corja!

Aqueles que me conhecem sabem que não advogo a idéia que comumente tem tomado conta de parte dos evangélicos nos dias de hoje. Não creio na manipulação religiosa em nome de Deus, não creio num messianismo onde a utopia de um mundo perfeito se constrói a partir do momento em que crentes são eleitos, não creio na venda casada de votos, nem tampouco no toma-lá-dá-cá onde eleitores são trocados por benesses de politicos.

Creio que o voto é intransferível e inegociável. Acredito que nenhum cristão deve se sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se confessar cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os candidatos ditos cristãos são pessoas lúcidas e comprometidos com as causas de justiça e da verdade. Junta-se a isso que creio que nenhum eleitor evangélico deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu pastor ou líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a Palavra de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário, a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não como uma profecia divina.

Caro leitor, na perspectiva da ética, dia de eleição é dia de exercermos livremente as nossas opções políticas e ideológicas, ninguém, absolutamente ninguém tem o direito de manipular, impor ou decidir por você em quem votar. O voto é pessoal e instranferível e somente você tem o direito de escolher em quem votar, ainda que isso represente não votar no candidato do seu pastor.

Pense nisso!

Fonte: Renato Vargens

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Porque eu não creio em apóstolos contemporâneos

Há quem defenda que nos dias de hoje Deus tem levantado uma geração apostólica, restaurando “ministérios perdidos” durante séculos através de novos apóstolos, supostamente com os mesmos poderes (e até maiores) que os escolhidos por Jesus na igreja primitiva. Muitos deles chegam a declarar novas revelações extrabíblicas, curas e milagres extraordinários, liberando palavras proféticas e unções especiais, vindas diretamente do “trono de Deus” para a Igreja. Seus seguidores constantemente ouvem o termo “decretos apostólicos”, dos quais afirmam que uma vez proclamados por um apóstolo, há de se cumprir fielmente a palavra profética, pois o apóstolo é a autoridade máxima da igreja, constituído diretamente por Deus com uma unção especial diferenciada dos demais membros.

No site de uma "conferência apostólica" ocorrida há alguns anos, narraram a seguinte declaração de um apóstolo contemporâneo: “A segunda noite de mover apostólico invadiu os milhares de corações presentes nesta segunda noite de Conferência Apostólica 2006. Com a ministração especial do Apóstolo Cesar Augusto a respeito do “Ser Apostólico”, todos ficaram impactados com mais esta revelação vinda direto do altar do Senhor para seus corações. Ser Apostólico é valorizar a presença de Deus, é ser fiel, é crer que Deus pode transformar, é ter uma unção especial para conquistar o melhor da terra e, por fim, é crer que Deus age hoje em nossas vidas. [...] Todos saíram do Ginásio impactados por esta revelação, saíram todos apostólicos prontos para conquistar o Brasil e o mundo para Jesus.” [1]

Peter Wagner, um defensor do apostolado contemporâneo, define o dom de apóstolo nos dias de hoje da seguinte forma: "O dom de apóstolo é uma habilidade especial que Deus concede a certos membros do corpo de Cristo, para assumirem e exercerem liderança sobre um certo número de igrejas com uma autoridade extraordinária em assuntos espirituais que é espontaneamente reconhecida e apreciada por estas igrejas. A palavra chave nesta definição é AUTORIDADE, pois isto nos ajuda a evitar um erro muito comum que as pessoas fazem ao confundirem o dom do apóstolo com o dom de missionário." [2]

Com estas declarações, podemos deduzir logicamente duas coisas: Ou o ministério apostólico contemporâneo é uma realidade na Igreja nos últimos dias, ou estamos diante de uma grande distorção bíblica, na qual precisa ser rejeitada e combatida urgentemente. Se a primeira hipótese estiver correta, então obviamente não devemos questioná-los, além de aceitar como verdade de Deus tudo o que vier dos mesmos. Caso contrário, resta-nos rejeitar totalmente as palavras e as reivindicações proféticas destes apóstolos contemporâneos por serem antibíblicas.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Presente e futuro da igreja evangélica no Brasil

Em primeiro lugar, vivemos uma fase passageira na história da igreja evangélica -- a fase do crescimento rápido. Essa fase começou nos anos 50 e, como vimos anteriormente, provavelmente vai acabar entre 2020 e 2030. Disso devemos aprender a lição da precariedade do crescimento evangélico. Ao contrário da Igreja Católica no passado, o mundo evangélico nunca terá ‘clientela cativa’, porque o caminho que o Brasil trilha não é de país católico para país evangélico, mas de país católico para país religiosamente pluralista. E quando o crescimento evangélico cessar, várias coisas podem acontecer. Talvez aconteça apenas uma estabilização na porcentagem de evangélicos, mas é possível também que haja uma queda. Na Coreia do Sul, por exemplo, a porcentagem de evangélicos está caindo ligeiramente. Não sabemos, então, se essa grande comunidade evangélica que se forma atualmente no Brasil vai durar por muitas gerações nem se conseguirá dar uma contribuição importante para a história do país.

Em segundo lugar, a religião evangélica está virando uma religião de massas no Brasil. E o que sempre acontece com as religiões de massas é que elas passam a se parecer cada vez mais com a sociedade. Em vez de transformar a sociedade, a religião é transformada por ela. Isso é normal numa fase inicial. Muitas ‘aberrações’ que acontecem no meio evangélico não me preocupam porque sociologicamente são fenômenos que tendem a acontecer numa fase incipiente. No entanto, depois disso, devemos fazer o que Jesus fez quando começou a se tornar muito popular. Assediado pelas multidões depois da multiplicação dos pães (Jo 5), ele passou a ensinar as demandas do discipulado (Jo 6), mesmo custando-lhe adesões.

domingo, 12 de agosto de 2012

Evangélicos usam estrutura de templos em suas campanhas

RIO - Se a fé move montanhas, não custa tentar garantir a multiplicação dos votos. É de olho no eleitorado evangélico, estimado em cerca de 20% dos 11,8 milhões de eleitores do estado, que candidatos ligados a igrejas evangélicas pentecostais vêm fazendo de templos religiosos uma extensão de seus comitês eleitorais. Nesses locais, propaganda política e assistencialismo ganham contornos de caridade ou ação social, como o GLOBO constatou na sede da Igreja Primitiva do Amor, em Nova Iguaçu, e na Assembleia de Deus dos Últimos Dias, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

Instalada numa casa simples, no alto da Rua Joélio Santana, na Palhada, um dos bairros mais carentes do município, a Igreja Primitiva do Amor sediou na manhã de quarta-feira uma ação social — evento divulgado em faixas espalhadas pela região — com o cadastramento de moradores no programa Bolsa Família, preenchimento de fichas para solicitação de aposentadoria, aplicação de flúor e outras benesses, que aparecem listadas numa folha fixada no portão da seita. O interessado, contudo, deveria apresentar comprovante de residência, carteira de identidade e título de eleitor.
Líder da seita, o pastor Raimundo Jesus disse que a ação social foi realizada no local a pedido da Secretaria de Assistência Social de Nova Iguaçu. O que não é citado nas faixas de propaganda espalhadas pelo bairro. Já alguns moradores ouvidos pela reportagem disseram que o evento estaria ligado à candidatura do petista Sebastião Wagner Berriel, que disputa uma vaga na Câmara de Vereadores do município, onde a prefeita Sheila Gama (PDT) tenta a reeleição numa coligação com o PT.
Perguntado sobre a suposta ligação do candidato com a ação social, o pastor Raimundo desconversou e disse apenas ter cedido o espaço a pedido da prefeitura. Na rua onde funciona a Igreja Primitiva do Amor há ainda outros três pequenos templos evangélicos de outras correntes pentecostais e um centro espírita. A assessoria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, responsável pela gestão do Bolsa Família, disse inicialmente que o cadastramento só poderia ser promovido em espaços da administração municipal, sob a responsabilidade das secretarias municipais de assistência social.
Questionada sobre os critérios para a escolha dos locais de cadastramento e o suposto uso político eleitoral do programa, a secretaria de Assistência Social de Nova Iguaçu, Márcia Vieira, informou em nota que o atendimento foi realizado no templo em resposta a ofício enviado pela seita. O que contraria a informação dada pelo líder da igreja. O candidato petista não foi localizado para comentar o assunto.
Em São João de Meriti, a sede da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, seita criada pelo pastor Marcos Pereira, lembra um comitê eleitoral, com fotos, veículos adesivados e carros de som com propaganda política dos candidatos Waguinho, que disputa vaga de prefeito em Nova Iguaçu, e Allan Pereira, irmão do pastor Marcos e candidato a vereador no Rio.
Allan e Waguinho, o ex-pagodeiro que trocou as rodas de samba pela música gospel, são candidatos pelo PCdoB, e atuam na Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Durante os cultos, segundo testemunhas, o líder da seita faz campanha aberta para a dupla. A análise dos registros de candidaturas no TSE revela que 40 “sacerdotes ou membros de ordem ou seita religiosa” do estado do Rio disputarão cargos eletivos nas próximas eleições. O dobro da quantidade de pastores candidatos em São Paulo.
A corrida pelo voto evangélico pode ser explicada em números. O Censo 2010 do IBGE mostrou que o estado do Rio passou a ter menos de 50% de católicos. Já o número de evangélicos cresceu. Prova disso é que em 11 dos 19 municípios da Região Metropolitana, os evangélicos superam os católicos.
O procurador regional eleitoral, Maurício da Rocha Ribeiro, afirma ser proibida a campanha política em templos religiosos, considerados bens comuns. O que pode resultar em ação por descumprimento da lei eleitoral, que prevê multa de R$ 2 mil a R$ 8 mil, além da retirada de cartazes e galhardetes. O procurador ressalta que líderes religiosos podem, como qualquer cidadão, demostrar suas preferências políticas, mas não podem fazer campanha negativa sobre candidatos.
Com relação ao uso de templos religiosos para a distribuição de benesses e realização de cadastros para programas sociais, os responsáveis podem ser acusados de abuso de poder econômico e político:
— Essa é uma conduta grave, mas que deve ser apurada de forma detalhada, com provas que configurem abuso de poder econômico e político. Nesse caso, pode resultar até na cassação do registro do candidato — disse o procurador.


Fonte: O Globo